I Serede apresenta Projeto de Pesquisa sobre deslizamentos no Rio de Janeiro 09/06/2020 - 10:45

Um dos destaques do I Seminário Paranaense de Pesquisa em Redução de Desastre (I Serede), encerrado no último dia 09, na PUC-PR, foi a apresentação dos resultados e pesquisas desenvolvidas para resolver problemas ligados a desastres.

O I Serede é uma iniciativa do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres do Paraná, órgão vinculado à Universidade Estadual do Paraná (Unespar), e conta com o apoio da Capes (fundação do Ministério da Educação) e da Sanepar.

Entre os projetos expostos em pôsteres, destaque para o “Sirenes de alarme para deslizamentos de encostas – A experiência precursora da cidade do Rio de Janeiro”, implantado em março de 2011, na capital fluminense.

Desde então, o trabalho vem sendo divulgado em vários eventos científicos pelo Brasil. “Ficamos sabendo do Serede por uma publicação no Observatório Cidades Resilientes. E por considerarmos o Paraná uma referência em termos de pesquisas, sabíamos que o evento seria de alto nível, por isso resolvemos apresentá-lo no seminário”, contou Marcelo Abelheira, engenheiro civil que atua no Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Defesa Civil Municipal do Rio de Janeiro. Ele é o autor do projeto, junto com outros seis coautores, entre eles, o gerente da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, Tiago Correia, e o coordenador de operações da Defesa Civil Municipal, Sérgio Gomes.

Para o diretor do CEPED/PR, Major Dr. Eduardo Pinheiro, é muito importante saber que instituições de outros estados acreditam num evento promovido pelo Paraná, e que têm interesse em divulgar o trabalho no estado. “Isso demonstra a necessidade que o Brasil tem em promover eventos que proporcionem o compartilhamento de informações, de conhecimentos e de boas práticas entre profissionais e pesquisadores dessa área”. E acrescenta que o CEPED/PR, "além de atingir o seu objetivo estadual, que é o de divulgar os resultados dos projetos de pesquisas realizadas nesse período, também tem a oportunidade de compartilhar e de receber a contrapartida de outros estados”.

O que motivou o desenvolvimento desse sistema de alarme com sirenes foram os deslizamentos de encostas ocorridos no Rio de Janeiro, em 2010, quando morreram 67 pessoas. “Era preciso criar um equipamento que informasse às populações que viviam em áreas de risco, sobre a possibilidade de deslizamento para que pudessem se prevenir”, afirma Gomes.  

MAPEAMENTO DE RISCO - O primeiro passo foi realizar um o “Mapeamento geológico-geotécnico de Risco” pela Fundação Geo-Rio, órgão da Secretaria Municipal de Obras responsável pela contenção de encostas. Com base nesse estudo, foram definidas as comunidades que seriam contempladas com as sirenes. “Começamos também o trabalho de identificação dos locais para a instalação das sirenes, e o levantamento dos pontos de apoio, onde as pessoas poderiam se proteger de um possível deslizamento”, relatou o coordenador de operações.

Durante o processo de instalação das sirenes, foram realizados 31 simulados. “A comunidade foi treinada, distribuímos panfletos nas áreas mais sujeitas aos deslizamentos, e informamos às populações sobre os pontos de alto, médio e baixo risco e também indicamos os pontos de apoio, locais seguros onde os moradores podem ficar durante a chuva”, recorda Sérgio Gomes. Periodicamente, a Defesa Civil ainda realiza os simulados porque, segundo Abelheira, é fundamental que as populações continuem a ser treinadas para que o procedimento correto do sistema não seja esquecido. "É preciso também, orientar as pessoas que se mudam para as comunidades onde existem as sirenes sobre como agir quando forem acionadas. Os treinamentos frequentes dão continuidade ao trabalho para a redução do risco de desastre".  

As sirenes fazem alertas com três tipos de toque. O primeiro informa sobre a probabilidade de chuva. O segundo sobre a mobilização da chuva. E o terceiro, indica que as pessoas já podem voltar para as suas casas. “Esse projeto tem um objetivo claro e direto, o de salvar vidas”, afirma Marcelo. “E visa também a redução de riscos de desastres em várias fases, todas envolvendo tecnologia, mobilização comunitária, estudo e pesquisa”.

De 2011 até hoje, as sirenes já foram acionadas 26 vezes, em momentos distintos, nas 165 estações sonoras instaladas na cidade. Nas comunidades maiores, há uma quantidade maior de sirenes. “Nesse período, não foi registrada nenhuma morte causada por deslizamento nas localidades onde o sistema foi implantado”, constata Abelheira.

Atualmente, outras cidades brasileiras já têm o sistema de alerta para deslizamento e também alarmes com sirenes, “mas a precursora foi a cidade do Rio de Janeiro”, enfatizam os autores do sistema.

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